Não vim falar de feminismo, até porque em algumas coisas não me enquadro nessa nominação. Mas reivindico publicamente o direito inalienável de uma mulher se vestir como lhe aprouver. Claro que esse direito não se resume às mulheres, porém são elas as mais hostilizadas com os dogmas machistas impostos por essa sociedade falida.
Mesmo no Brasil, país-tropical-quente-pra-cacete, uma mulher é rotulada de vadia se veste algo com pouco pano. Aliás, vadia é o mais singelo dos insultos, os outros não citarei para não me ater a isso. O fato é é lamentável . Episódios similares ao que promoveu a ex-estudante da UNIBAN, Geisy Arruda, a celebridade internacional ( pois é, pois é, pois é) continuam acontecendo. Não é raro que uma mulher seja discriminada por usar uma saia justa e essa discriminação vem de todos os lados, inclusive dos próprios namorados sob a desculpa de se estar ‘defraudando o próximo’. Eu não sou defensora do grupo mini (minissaias, mini-vestidos, etc) só revogo o direito de uma mulher de se vestir como se sentir melhor. E isso não é apologia ao feminismo, mas uma crítica à sociedade retrógrada que infelizmente em pleno século XXI em que os holofotes pregam o desenvolvimento, as pessoas se portarem de maneira tão provinciana.
No começo do mês, no Canadá, após o comentário infeliz de um policial acerca dos trajes das estudantes que dizia que para evitar o assédio sexual, elas deveriam parar de se vestir como “vagabundas”, algumas mulheres canadenses ( e alguns homens também, vale citar que felizmente nem todos são adeptos desse comportamento machista) fizeram a “SlutWalks” que ao pé da letra significa “ Marcha das Vagabundas” na qual o objetivo visou protestar a prática infeliz de responsabilizar as vítimas pelas práticas de estupro. A passeata reuniu mais de 3 mil pessoas e repercutiu em países como Austrália, EUA, Holanda, Suécia, entre outros. Eu espero realmente que um dia as brasileiras tomem a mesma coragem e não fiquem se reprimindo por causa dessa “ditadura social”. Quanto a mim, me dou ao direito de me vestir como eu achar melhor e ninguém tem que pensar nada, aliás, pensar... Eu sinto falta de levantes intelectuais e não de preconceitos pseudo-moralistas.
Abaixo fotos da primeira SlutWalk.
"A dress is not a Yes". :D
Boa semana!
Inacreditável como um artigo tão interessante não tem nenhum comentário. Vamos primeiro ao que gostei: Você leu Maus! Uma das obras primas da arte sequencial e o primeiro e único álbum em quadrinhos ao ganhar o Pulitzer. E gostar de Joan Jett foi a cereja do bolo. Continue assim, não perca seu tempo lendo os livros do Eduardo Galeano-ele acha que todas as mazelas do nosso continente são causadas pela exploração da elite branca europeia. Leia o artigo do Reinaldo Azevedo sobre ele.
ResponderExcluirContinua...
Agora vamos ao que eu NÃO gostei no post. Veja, sou homem tenho 38 anos estudo Design e Tecnologia, tenho uma filha de 17 anos, nordestino, apesar de morar em SP desde 1977.Nós somos educados, meninos e meninas desde a tenra idade a cumprir a agenda estereotipada da cultura machista, não é culpa nossa. Todo mundo acha a coisa mais fofa e linda do mundo quando a mãe fura as orelhas de sua bebê, põe brincos e enfeita a coitada com as roupas mais espalhafatosas das quais nos envergonhamos quando crescemos. Inconscientemente ela está preparando sua filha única e simplesmente para seduzir o macho. Dito assim, parece a defesa de uma tese em prol da pedofilia então, explico. Minha esposa é bióloga e professora de ciências, essa teoria dos gêneros foi formulada pelo cientista brasileiro, referência mundial em reprodução humana Elsimar Coutinho, seus artigos já foram publicados em prestigiados periódicos da comunidade internacional.
ResponderExcluirAí você me diz: " Mas a menina pode se vestir do jeito que ela quiser!" É, pode mesmo, o que não pode é depois reclamar das consequências. Sobre a Sluts March tem um cartaz que diz " não nos diga como se vestir, diga pra eles não nos estuprarem". Vivemos na era dos signos, o que a gente faz, fala muito mais do que o que sai da boca. Se uma mulher se veste como uma vagabunda, o homem entende que ela quer ser tratada como tal. Nossa mais que machismo besta! Repito, estamos geração após geração perpetuando esse tipo de comportamento. Exemplo: quando por alguma razão nos vemos participando do processo da compra de um enxoval de bebê o sexo determina a cor: azul é de menino, rosa é de menina.
O código da vestimenta é objeto de estudo desde a época de Paulo de Tarso o apóstolo Paulo que em sua carta aos Coríntios admoesta as mulheres a se vestirem de forma adequada àquele contexto social, justamente para não serem confundidas nas ruas como prostitutas e não sofrerem ataques indevidos. A advertência do policial foi ostensivamente distorcida na imprensa internacional. Alguém discorda dele, de verdade, de que as moças deveriam se vestir de maneira menos provocativa, não mostrando seus corpos de forma gratuita em ambientes inadequados?
Recentemente na Veja saiu um artigo que uma organização de pais conservadores (a maioria acha hipócritas) promovendo uma ação de boicote das cantoras e atrizes teen como Vanessa Hudgens e Avril Lavigne por suas posturas públicas que induziriam adolescentes do país a um comportamento lascivo e irresponsável. Tá, chegamos a um ponto interessante. A responsabilidade de educação é dos pais e não da mídia, como bem apontou a popstar Rihana. Agora, alguém tem coragem de por a cara nos grandes veículos de mídia e defender a normalidade das fotos nuas da Vanessa menor de idade? Alguém tem coragem depois disso de condenar os milhões de pedófilos da internet que vasculharam a rede em busca das tais fotos? A pedofilia é um mal terrível, ninguém nega. A violência contra a mulher, não há nem o que discutir. Porque então medidas preventivas como combater a erotização infantil são vistas como falso moralismo? Ensinar nossas meninas a se vestir de forma adequada é mesmo errado e um cerceamento da liberdade de escolha?
Alguém acha mesmo que uma universidade, mesmo sendo a Uniban, uma das piores do país em vários quesitos de avaliação é lugar adequado pra vestidinho curto de cor berrante? Alguém acha mesmo normal uma menininha de quatro usando shortinho minúsculo cantando “ A porra da buceta é minha e eu dou p´ra quem quiser” ?
Com exceção dos pedófilos, não encontrei ainda ninguém que defenda essa tese.
eliltonramos@hotmail.com